sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

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Podes fechar a porta, trancá-la, sentirás um enorme alivio, porque esse teu hábito de te esconderes de tudo o que te poderia fazer bem já vem de há muito tempo. Deixa-me que te diga que na verdade não só te estás a esconder de um mundo que nasceu para ti, como te estás a esconder de ti mesma, dos teus sonhos, da tua realidade, das pessoas que um dia irão fazer parte de ti. De qualquer maneira vais ter de abrir essa porta que te separa de quem és, nunca ninguém conseguiu viver sozinho, sem um amigo, um primeiro amor, sem um pequeno conforto interior. Agora abre a porta, mas devagar. Lá atrás existe uma imensidão de coisas que nunca viste, que nunca sentiste. Não vou mentir, é duro esse mundo. E quando conheceres o teu primeiro amor, o teu primeiro amigo ou mesmo esse teu pequeno conforto interior vai ser o dia mais feliz, mas vai doer quando essas coisas que tu já consideravas tuas virarem costas e encontrarem outra pessoa e se entregarem a ela, e a partir daí vais aprender a abrir asas e virar costas para essa pequena parte desse teu mundo. Depois, encontras alguém que pensas ser melhor, e durante uns tempos vai mesmo ser, mas apenas durante uns tempos, porque quando descobrires que esse teu novo pequeno conforto interior era igual ou pior do que o anterior vai ter vontade de desistir de tudo, vais querer fechar aquela grande porta que agora se torna cada vez mais pequena, mas não o faças. Quando estiveres a fechar essa porta, farta de tudo, e de todas as pessoas que te rodeiam vai aparecer alguém mesmo atrás de ti, mas como desistir significa não olhar mais para trás, nunca irás descobrir o quão especial essa pessoa poderia ser e nunca irás receber aquelas coisas que essa pessoa tinha para te dar, apenas porque nunca mais olhaste para trás.